O Castelo de Mogadouro ergue-se no centro histórico da Vila de Mogadouro, erigido numa colina de afloramentos rochosos de xisto. Actualmente apenas se conservam e são visíveis, uma parte das estruturas que compunham a fortificação medieval mais tarde transformada em residência nobiliárquica da família Távora. Sobre as suas origens não podemos firmar certezas, possivelmente a sua construção ter-se-á iniciado na segunda metade do século XII, sobre uma possível estrutura defensiva do tipo castelo roqueiro. Na segunda metade do século XII, por intermédio do “tenens” das terras de Bragança Fernão Mendes, D. Afonso Henriques faz a doação dos castelos de Mogadouro e Penas Roias à Ordem dos Templários, para que dotassem estas terras fronteiriças de fortificações capazes de defender a fronteira do novo Reino. Possivelmente terá sido sobre o mestrado de Gualdim Paes, a construção do Castelo de Mogadouro.
Actualmente subsiste a Torre de Menagem, assente no afloramento rochoso, de planta rectangular, de três pisos em alvenaria de xisto. Esta estaria isolada na praça de armas circundada por muralhas que respeitariam a orografia do terreno. Posteriormente no decurso do período gótico, o perímetro terá sido alargado e a torre de menagem terá sido adossada à muralha, por intermédio de um pano de muro, de cantaria e alvenaria de xisto, rebocado no alçado Este, que faria parte da estrutura palaciana quatrocentista. No ano de 1509, o cavaleiro Duarte d’ Armas faz o desenho da planta da estrutura Palaciana e das suas estruturas militares subsistentes. Neste desenho são registados vários torreões e pequenas torres adossadas à muralha e uma barbacã que circundava todo o recinto. Actualmente ainda subsiste um torreão de planta trapezoidal que reforça o pano de muralha do lado Sul. A torre do relógio terá sido construída sobre os alicerces de um antigo torreão, durante o período setecentista.
Mas o que de mais relevante podemos firmar sobre o Castelo de Mogadouro é que o mesmo foi dotado de estruturas militares relevantes e posteriormente adaptadas para a residência de uma das famílias mais importantes da História do nosso País. Este monumento é um palimpsesto de diferentes fases construtivas e de ocupação. Para além da defesa contra as incursões muçulmanas, ganhou e afirmou a sua importância na defesa de um novo reino. Será certamente um local importante a visitar, para conhecer a relevância e destaque na defesa deste território e também para o estudo da arquitectura militar medieval e civil da Idade Moderna.
A sua fase de ruína ter-se-á iniciado após o abandono do mesmo, no ano de 1834, data em que deixa de ser residência dos juízes de fora, e na obra do Dr. Machado descreve o processo de ruína referido, um manuscrito do advogado Bernardo de Morais Leite Velho, “Em 1835, creio, abateu o tecto do grande salão, e foi esse o singnal da próxima ruína de todo o edifício de que passados tempos cahia um bocado de muro…” (Machado 1998: 153-154). Este processo de ruína terá sido ligeiro e inclusive consentido pelas autoridades locais, que permitiram o saque da pedra. O escritor mogadourense Trindade Coelho(1861-1908), na sua obra “Os Meus Amores” no conto “Tipos da Terra” escreve as seguintes palavras sobre:
“Ao alto dominando a negrura chamuscada dos telhados, o velho castelo, romano de origem, fazia tristeza com as suas ameias derrocadas e as grossas paredes em ruínas. Ao lado do castelo erguia-se destacadamente a velha torre do relógio, de uma arquitectura primitiva. Tinham dado onze horas mas eram apenas sete: aquele «estafermo» é que não andava nunca direito.”
Monumento Nacional desde de 1943